terça-feira, 13 de março de 2012

Erva cidreira

Ontem, à noite, antes de dormir, meu benzinho trouxe-me uma caneca de chá de erva cidreira. Logo, estava envolvida num sono maravilhoso de entrega. Aquele sono que abraça, acomoda e traz a sensação que a cama não é só cama; é um pedaço de nuvem no céu. Uma nuvem fofa, nunca atravessada por qualquer peso. Lá estava eu, entregue. Descansando a caneta na mesa dura, tão oposta ao céu, tão oposta à nuvem. E no último pensamento, daquele que a gente se recorda fracamente, antes do sono levar, estive pensando na boa energia da erva cidreira. E pensei no seu ramo áspero, tão antagônico à sua delicadeza química, na sua beleza simples (folhas compridas e curvadas como toda gente comprida), no seu cheiro cítrico, que me envolve sempre quando estou lá na varanda, deitada na rede, olhando para minha horta gentil. E é esse cheiro também que me acalma e embala, como colo de mãe. E de minha mãe também lembro porque ela sempre vinha com o tal chazinho em momentos da minha muito conhecida ansiedade. Lá na minha casa natal havia um tufo grande dela. E aqui, na minha nova casinha, seu ramo tem umas 5 ou 6 folhinhas (compridas e curvadas como toda gente comprida).
E, neste levar do sono, deixando minha mão vazia de caneta, meu peito foi se enchendo da leveza que só as cidreiras têm.

[Fernanda]