domingo, 25 de janeiro de 2009

Num tempo bom de olhar para o céu
Por haver azul limpo ou desapego de nuvens
Venha e me leve...
Num dia chuvoso, com o asfalto lavado
e a padaria longe, as cinco, na hora do pão
venha e jogue pedras de terra na minha porta
que manchem, que façam estrago
mas venha e me leve...
Enquanto procuro palavras no sótão, por haver engasgado no almoço
Vendo nelas o meu elixir
Suba as escadas, me tira o lápis da mão
E, na minha boca, com a tua boca, deixe as palavras
E me desassossegue e venha e me leve...
Num dia comum, exageradamente comum,
Grita meu nome no portão
E não espere eu abrir
E não espere meu sorriso [eu também te gosto sério]
Deixe seus olhos nos meus e venha e me leve...

[Fernanda]

6 comentários:

bruno_fiuza disse...

fernanda, obrigado pelos seus comentários - elogios sempre caem bem. mas fiquei curioso com uma coisa: como você chegou ao meu blog?

Gui Trento disse...

" venha e jogue pedras de terra na minha porta que manchem, que façam estrago mas venha e me leve..." adorei essa parte ! belo texto. só quem sofreu a perda de um grande amor e espera a sua volta, sabe o que é isso.

Darla disse...

Meu preferido, sem dúvidas...
um grito que pego emprestado!
Lindo, muito forte (e é desses que gosto mais)e perfeito como tudo que você faz!
bjos

Darla disse...

"Suba as escadas, me tira o lápis da mão
E, na minha boca, com a tua boca, deixe as palavras"

Gritar seu nome no portão no dia exageradamente comum...

Não consigo parar de ler...

Julie Rodrigues disse...

Fiquei sem fôlego
[e sem palavras, esperando que "alguém" as deixe na minha boca...]
Otimo texto!

camila disse...

incrivelmente elindo,nunca li algo assim.
Também fiquei sem folego!