quando ele a viu por entre as frestas da janela
a imagem quase infantil do sorriso lateral bastou.
escrevia algo, ou desenhava, ou rabiscava...
[o que for, ela estava sorrindo]
havia nele uma quase vontade de desviar das persianas,
de pousar sobre o criado mudo e perguntá-la:
O que quer, pequena?
mas a imagem dela, sorrindo, bastou.
ele a viu levantar, o lápis esquecido sobre o papel,
os olhos pregados sobre as mãos,
e houve nele uma quase vontade de desviar das persianas,
de chocar-se contra ela,
derrubando-lhe o peso dos olhos e perguntá-la:
O que quer, pequena?
mas, fugazes, as mãos dela alcançaram o ar numa dança silenciosa
e, aquela imagem, súbita e incoerente, bastou.
então, ele a viu girar, girar e girar
e se jogar, se jogar de frente sobre a cama,
levantando poeira, incomodando o vento...
ele viu o encontro dos cílios e sua respiração de mar.
e pensou ele já ser tarde, do sono ser longo...
mas recorreu-lhe ter pés líquidos,
e nos ombros dela, pousou.
e desejando que sua voz, nunca ouvida, desfizesse seus sonhos de nuvem, sussurrou:
O que quer, pequena?
[Fernanda]
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
quando ele a viu
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Um comentário:
Ahhh se ele me perguntassem...
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