sexta-feira, 19 de junho de 2009

noah *














eu não tenho pouso, nem porto.
quero todos os lugares de todas as janelas, de todos os navios dessa terra que não é minha.
há um só sol e todas as águas são ligadas.
sobre rodas dessa ponte não vejo chão.
tudo mar e nuvens coloridas.
eu não tenho pouso, nem porto.
cada pêlo dessa pele minha voa.
eu nasci para um mundo todo dia novo.
eu não tenho pouso, nem porto.

[Fernanda]

* noah, do hebraico errante, mesmo que Noé.

sábado, 13 de junho de 2009

meu mundo particular


Henrique Matos, 2001
Floresta de pássaros
Óleo sobre tela, 140 x 100 cm

sábado, 30 de maio de 2009

la vie

lá estava ela. buscando sapatos vermelhos que combinassem com seu vestido preto rodado, de pregas, um pouco do que via dos joelhos, das pernas pequenas com saudades do sol. e, na frente do espelho, enquanto ria, num balançar de sino, feliz por vê-la por inteiro, alma inteira, fantasiou o cinema e o menino. ele chegou de garoto. ela esqueceu o bolero. ele trouxe o ombro dela por inteiro pra mais perto. era dele [dela]. três sorrisos no beijo, dois segredos confessáveis, pipoca e...comédia [?].

[Fernanda]

quarta-feira, 27 de maio de 2009

daqui, do mundo dos alados



É daqui que as luzes me parecem maiores, mais bonitas.
O céu convida a fazer-lhe riscos, a recortar suas nuvens
e a dançar no meio dele com outros alados.
Eu sou azul, mas aqui o céu não me camufla.
E também sou gente, com os pés no asfalto,
me misturando a tudo, sendo mundo,
o começo da minha essência resgatada.
[Aqui, sentada, na minha janela preferida, com os pés balançando no ar,
penso em você, meu pássaro, e como você combina com tudo,
inclusive o tom queimado de suas asas].


[Fernanda]

terça-feira, 12 de maio de 2009

em janelas de outros mundos

Da janela do ônibus, eu vi aquela mulher sentada no banco do ponto.
Olhos verde mar, cabelos castanhos claros, uma figura filme dos anos 80.
[Linda, a mulher].
Ela tinha os olhos longe e unha na boca. Era o gesto tão vago e eu, na janela, pensando onde estaria a mulher e quem a acordaria quando seu ônibus passasse.
A arrancada me tirou do mundo paralelo da mulher.
Talvez alguém me olhasse do lado de fora e pensasse o mesmo. [E eu, no mundo paralelo da mulher].
No final das contas, acho que somos bem menos misteriosos do que parecemos. Ouvi alguém dizer isso por esses dias, mas é bem chato não ter mistérios. E deve ser por isso que tanta gente é chata, inclusive eu.


[Fernanda]

terça-feira, 28 de abril de 2009

a borboleta

e dele, ela voou...
ela teve asas, e suas asas tinham o peso de uma borboleta
não houve mais chão que a bastasse
e toda flor era como um súbito planeta.

a brevidade de um sonho, a borboleta.
a brevidade da rima.

seus olhos semicerraram num gesto lento
e novamente menina, menina.


[Fernanda]

sexta-feira, 24 de abril de 2009

ob-la-di ob-la-da life goes on bra *


Na estreita rua asfaltada, o menino chora.
A vida parece uma piada de muito mal gosto.
Ela foi embora levando seu travesseiro, um vinil raro e umas frases de bolso.
Pela janela, as pernas dela lá embaixo pareciam maiores e a caneta na sua mão, um cigarro.
Então, lembrou o poema dela,
De ter lido sob a luz de um poste, sentado na calçada.
E pensou que, enquanto houvesse o poste e a rua, ela seria resgatada.
Na estreita rua asfaltada, o menino elabora
um plano furado de fuga.
Ri do mundo e dela e canta uma música
"ob-la-di ob-la-da life goes on bra"

[Fernanda]


* The Beatles - White Album (1968)

sábado, 18 de abril de 2009

um verso sem asas



Talvez fuja com ele
e vá ser pássaro por aí...
Já me disseram ser uma péssima idéia essa minha
e eu nem tenho pra onde ir.


[Fernanda]

segunda-feira, 13 de abril de 2009



Descobri, abrindo o email, que hoje é o Dia do Beijo (e tem dia pra tudo, não?).
Mas, o bom mesmo foi ver a cena linda de "My girl" (por aqui, "Meu primeiro amor").

*Na foto: Anna Chlumsky (a linda Vada) e Macaulay Culkin (o doce Thomas).

domingo, 12 de abril de 2009

do breve, um pouco



A vida é mesmo estranha, ela dizia.
Ontem mesmo, cantava uma música do Cazuza, que havia grudado na cabeça. Achou até que podia cantá-la bonitinha. Mas hoje, não lembrava os primeiros versos.
O refrão sim, é uma parceria. E é bonito ouvir os dois.

No sorriso de ontem talvez um pouco dela se revelava. Mas a vida é estranha, ela dizia. E voltou pra sua antiga casa.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

a menina


Então,
Quem vier e vê-la assim tão solta, assim tão boba,
assim menina
diz se a vida não vem?
Levando sua mochila, seu cachorro e seu garoto
Levando marcas no rosto...diz se a vida não vem?
É de longe que te vejo, menina?
Ou é um pouco de tudo do dia que vi?
Quem olha essa menina...diz se a vida não vem?

[Fernanda]

* para Fran, a menina.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

o seu colorido em mim


Quando me perco
Longe no caminho sem saber voltar
Lá vem ele, as mãos suaves nas minhas perdidas
Dizendo, querida, a vida é mesmo assim...

Quando me sonho longe
pisando nos lugares que nunca fui
Lá vem ele, olhos tranquilos nos meus pensativos
Dizendo, querida, pode ser agora...

Quando me pinto triste
em tons de azul fechado
Lá vem ele e seus guaches e me vê assim
vê a gente [voando] assim...


[Fernanda]

* ao meu querido Rodrigo Menezes, Rodrigo Diaz, Diguinho...parte das minhas cores

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Volta Redonda, 07 de abril de 2009

Pedro,

Bom te reencontrar depois de algum tempo. Preciso dizer que está muito bem, com a barba por fazer e o sorriso de sempre. O piquenique foi ótimo e a toalha xadrez, quase desconcertante. Estou lendo o livro que me deu e é ótimo eu ter encontrado nele coisas novas. A gente nunca conhece nada o suficiente, não é?
Notícias, breve.

De sua pequena,

Ana

vice-versa