[Fernanda]
sábado, 19 de dezembro de 2009
nota pessoal
[Fernanda]
domingo, 6 de dezembro de 2009
debaixo de céus blues
Pobre menininha dos olhos rasgados pousados no céu
Tem um blues zunido de abelha,
uma gaita imaginária e
uma lágrima de luz que toca sua orelha
Um assobio lá longe que te acompanha
Num tom de sabiá da cor da laranjeira
A paz do tamanho do céu inteiro
Há flores do campo em suas mãos
Colhidas por ele.
ela tem cheiro de baunilha gravado no travesseiro.
Pobre menininha dos olhos rasgados pousados no céu,
que as mãos no teu peito agarra a vontade,
que a voz sem jeito canta saudade
lembrando vinicius, seu poeta, sua metade.
[Fernanda]
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
canção dos namoradinhos
que a levava só Deus sabe onde
ela caiu direto na cama dela
e seu namoradinho tocava leoni.
a voz dele era rouca e o sono dela pesado
ela disse ainda duas palavrinhas
antes de boa noite, namorado.
do meio do sono, ela acordou de repente
estava delirante, eu acho
mas ele disse fica comigo pra sempre
ela que sempre fala dormindo
disse que precisava ir embora
se arrastando devagarzinho
se armou de duas sacolas
ele a puxou pelo braço
ela bocejou mais um pouquinho
qual foi o sonho, pequena?
Acho que eu era um passarinho.
ele riu pra dentro e deu-lhe um beijinho
então volta, pequena
volta pro ninho...
[Fernanda]
terça-feira, 29 de setembro de 2009
. Rafa e ela .
protegidos do céu, protegidos da terra, cercados de asas
lugar dentro-fora do mundo,
que nem Rafa e ela sorrindo voltando pra casa.
[Fernanda]
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
joaninha
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
hoje, pela simplicidade do amor...
Os nomes da amada
Alô, minha rosácea
minha flor de lótus,
minha rainha dos jardins suspensos
de Alexandria,
meu raio de sol da madrugada,
meu nenúfar em lago de ternura,
alô, meu bem, minha coisinha louca!
É assim que de manhã ou tarde-noite
eu costumo chamá-la. E a cada nome novo
ela sorri e diz que está guardando
na agenda ou no caderninho da memória
esses doces epítetos de amor.
Sou poeta (serei?) e tenho obrigação
de inventar novas formas de carinho,
mas, por mais que invente, nunca inventarei
a forma ideal de dizer que a amo
tanto tanto tanto tanto tanto tanto
que não cabe nas palavras nem nos lábios.
[Carlos Drummond de Andrade]
domingo, 16 de agosto de 2009
um retrato pra vida inteira
ele precisaria de duas boas frases pra um diálogo inicial.
então, ela sorriria, achando que tava sorrindo, mas ninguém repararia.
só ele.
ele sorriria, achando que tava sorrindo, mas ninguém repararia.
só ela.
os dois abaixariam a cabeça, rindo muito pra dentro e feliz pra caramba.
um encontro perfeito, sem vozes, muita saudade, e um retrato pra vida inteira.
[Fernanda]
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
sábado, 1 de agosto de 2009
minha cara
Quando a vi, soube, por instinto, que gostava dela.
Ela não sabia, mas seria minha melhor amiga.
A amiga que eu escolhi para minha alma ou
Que minha alma escolheu para amiga.
Ela não sabia, mas seríamos cúmplices,
Como vento e folhas são.
Como sol para os pingos de chuva que se colorem.
Como borboletas e flores são.
Ela não sabia, mas seríamos irmãs,
Almas irmãs e opostas,
Salvas de seus futuros golpes.
Ela não sabia, mas tudo que fosse bom seria duplicado:
Descobrir um poema,
O primeiro beijo, o primeiro namorado.
Ela não sabia, mas tudo que fosse ruim seria dividido:
As crises, as dores,
O coração partido.
Sexta série. Doze anos.
Ela não sabia. Eu não sabia.
Flor de lótus, minha cara, extensão minha,
Meu mundo, sem dúvida, é melhor desde aquele dia.
[Fernanda]
sexta-feira, 19 de junho de 2009
noah *
eu não tenho pouso, nem porto.
quero todos os lugares de todas as janelas, de todos os navios dessa terra que não é minha.
há um só sol e todas as águas são ligadas.
sobre rodas dessa ponte não vejo chão.
tudo mar e nuvens coloridas.
eu não tenho pouso, nem porto.
cada pêlo dessa pele minha voa.
eu nasci para um mundo todo dia novo.
eu não tenho pouso, nem porto.
* noah, do hebraico errante, mesmo que Noé.
sábado, 13 de junho de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
la vie
[Fernanda]
quarta-feira, 27 de maio de 2009
daqui, do mundo dos alados
É daqui que as luzes me parecem maiores, mais bonitas.
O céu convida a fazer-lhe riscos, a recortar suas nuvens
e a dançar no meio dele com outros alados.
Eu sou azul, mas aqui o céu não me camufla.
E também sou gente, com os pés no asfalto,
me misturando a tudo, sendo mundo,
o começo da minha essência resgatada.
[Aqui, sentada, na minha janela preferida, com os pés balançando no ar,
penso em você, meu pássaro, e como você combina com tudo,
inclusive o tom queimado de suas asas].
[Fernanda]
terça-feira, 12 de maio de 2009
em janelas de outros mundos
Olhos verde mar, cabelos castanhos claros, uma figura filme dos anos 80.
[Linda, a mulher].
Ela tinha os olhos longe e unha na boca. Era o gesto tão vago e eu, na janela, pensando onde estaria a mulher e quem a acordaria quando seu ônibus passasse.
A arrancada me tirou do mundo paralelo da mulher.
Talvez alguém me olhasse do lado de fora e pensasse o mesmo. [E eu, no mundo paralelo da mulher].
No final das contas, acho que somos bem menos misteriosos do que parecemos. Ouvi alguém dizer isso por esses dias, mas é bem chato não ter mistérios. E deve ser por isso que tanta gente é chata, inclusive eu.
[Fernanda]
terça-feira, 28 de abril de 2009
a borboleta
ela teve asas, e suas asas tinham o peso de uma borboleta
não houve mais chão que a bastasse
e toda flor era como um súbito planeta.
a brevidade de um sonho, a borboleta.
a brevidade da rima.
seus olhos semicerraram num gesto lento
e novamente menina, menina.
[Fernanda]
sexta-feira, 24 de abril de 2009
ob-la-di ob-la-da life goes on bra *
Na estreita rua asfaltada, o menino chora.
A vida parece uma piada de muito mal gosto.
Ela foi embora levando seu travesseiro, um vinil raro e umas frases de bolso.
Pela janela, as pernas dela lá embaixo pareciam maiores e a caneta na sua mão, um cigarro.
Então, lembrou o poema dela,
De ter lido sob a luz de um poste, sentado na calçada.
E pensou que, enquanto houvesse o poste e a rua, ela seria resgatada.
Na estreita rua asfaltada, o menino elabora
um plano furado de fuga.
Ri do mundo e dela e canta uma música
"ob-la-di ob-la-da life goes on bra"
[Fernanda]
* The Beatles - White Album (1968)
sábado, 18 de abril de 2009
um verso sem asas
Talvez fuja com ele
e vá ser pássaro por aí...
Já me disseram ser uma péssima idéia essa minha
e eu nem tenho pra onde ir.
[Fernanda]
segunda-feira, 13 de abril de 2009
domingo, 12 de abril de 2009
do breve, um pouco
A vida é mesmo estranha, ela dizia.
Ontem mesmo, cantava uma música do Cazuza, que havia grudado na cabeça. Achou até que podia cantá-la bonitinha. Mas hoje, não lembrava os primeiros versos.
O refrão sim, é uma parceria. E é bonito ouvir os dois.
No sorriso de ontem talvez um pouco dela se revelava. Mas a vida é estranha, ela dizia. E voltou pra sua antiga casa.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
a menina
Então,
Quem vier e vê-la assim tão solta, assim tão boba,
assim menina
diz se a vida não vem?
Levando sua mochila, seu cachorro e seu garoto
Levando marcas no rosto...diz se a vida não vem?
É de longe que te vejo, menina?
Ou é um pouco de tudo do dia que vi?
Quem olha essa menina...diz se a vida não vem?
[Fernanda]
* para Fran, a menina.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
o seu colorido em mim
Quando me perco
Longe no caminho sem saber voltar
Lá vem ele, as mãos suaves nas minhas perdidas
Dizendo, querida, a vida é mesmo assim...
Quando me sonho longe
pisando nos lugares que nunca fui
Lá vem ele, olhos tranquilos nos meus pensativos
Dizendo, querida, pode ser agora...
Quando me pinto triste
em tons de azul fechado
Lá vem ele e seus guaches e me vê assim
vê a gente [voando] assim...
[Fernanda]
* ao meu querido Rodrigo Menezes, Rodrigo Diaz, Diguinho...parte das minhas cores
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Pedro,
Bom te reencontrar depois de algum tempo. Preciso dizer que está muito bem, com a barba por fazer e o sorriso de sempre. O piquenique foi ótimo e a toalha xadrez, quase desconcertante. Estou lendo o livro que me deu e é ótimo eu ter encontrado nele coisas novas. A gente nunca conhece nada o suficiente, não é?
Notícias, breve.
De sua pequena,
Ana
terça-feira, 31 de março de 2009
Ok, um poema
O sorriso dela se abriu para receber o dele
A pequena garota desconhecida diante daqueles olhos rasgados
Soube que certos poemas não são palavras...
[Fernanda]
domingo, 8 de março de 2009
das pequenas coisas boas
uma janela que dá pra uma ponte que separa pequenos mundos urbanos.
à noite, sobre o chão de taco (que lembra a infância), se dá conta das coisas,
e lembra coisas, canta baixinho uma música que é um poema
ou chora baixinho, que também é poema e também é música.
há céu aberto e tudo é calmo.
sensação boa do sono que vem com as estrelas e foge com o sol.
sábado, 7 de março de 2009
Da conversa de hoje
[Fernanda]
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
quando ele a viu
quando ele a viu por entre as frestas da janela
a imagem quase infantil do sorriso lateral bastou.
escrevia algo, ou desenhava, ou rabiscava...
[o que for, ela estava sorrindo]
havia nele uma quase vontade de desviar das persianas,
de pousar sobre o criado mudo e perguntá-la:
O que quer, pequena?
mas a imagem dela, sorrindo, bastou.
ele a viu levantar, o lápis esquecido sobre o papel,
os olhos pregados sobre as mãos,
e houve nele uma quase vontade de desviar das persianas,
de chocar-se contra ela,
derrubando-lhe o peso dos olhos e perguntá-la:
O que quer, pequena?
mas, fugazes, as mãos dela alcançaram o ar numa dança silenciosa
e, aquela imagem, súbita e incoerente, bastou.
então, ele a viu girar, girar e girar
e se jogar, se jogar de frente sobre a cama,
levantando poeira, incomodando o vento...
ele viu o encontro dos cílios e sua respiração de mar.
e pensou ele já ser tarde, do sono ser longo...
mas recorreu-lhe ter pés líquidos,
e nos ombros dela, pousou.
e desejando que sua voz, nunca ouvida, desfizesse seus sonhos de nuvem, sussurrou:
O que quer, pequena?
[Fernanda]
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
quando ela o viu
domingo, 22 de fevereiro de 2009
sábado, 14 de fevereiro de 2009
Porque tudo tem que partir
seu coração apertado mais que um sonho longo
sua dor menos dor que à primeira vista,
e o brilho de olhos quase lágrima
[que não caiu]
tão esperada,
malas prontas de véspera de véspera,
as roupas novas que sentiria,
as sensações novas que vestiria,
as cores de um sabor conceitual.
e as flores do outro lado da grade da grade,
e novo néctar a escorrer-lhe a garganta
seca na hora de ir.
à hora de ir,
tocou-lhe os lábios
num beijo que volta
que promete-se melhor,
d’um pássaro novo, asas treinadas pra toda partida
[porque tudo tem que partir]
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Poema lido por Maria Bethânia no show Maricotinha
Amo teu sistema de vida e morte, te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras e te amo desde os teus pés até o que te escapa. Te amo de alma para alma e mais que as palavras, ainda que seja através delas que eu me defendo quando digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis, quando o próprio amor vacila."
[autor desconhecido]
lindo, não?
sábado, 31 de janeiro de 2009
porque o sonho é preto e branco e unilateral
domingo, 25 de janeiro de 2009
Por haver azul limpo ou desapego de nuvens
Venha e me leve...
Num dia chuvoso, com o asfalto lavado
e a padaria longe, as cinco, na hora do pão
venha e jogue pedras de terra na minha porta
que manchem, que façam estrago
mas venha e me leve...
Enquanto procuro palavras no sótão, por haver engasgado no almoço
Vendo nelas o meu elixir
Suba as escadas, me tira o lápis da mão
E, na minha boca, com a tua boca, deixe as palavras
E me desassossegue e venha e me leve...
Num dia comum, exageradamente comum,
Grita meu nome no portão
E não espere eu abrir
E não espere meu sorriso [eu também te gosto sério]
Deixe seus olhos nos meus e venha e me leve...
[Fernanda]
sábado, 24 de janeiro de 2009
Hora de rever a tribo
aquele lugar onde os pensamentos não se debruçam na janela
e não falar e falar dá no mesmo – tudo é sensação
onde se despir ao ar livre é natural
e, correr assim, é só uma vontade como outra qualquer que dê libertação
porque a loucura, na tribo, é se engessar
porque a loucura, na tribo, é se poupar
Hora de rever a tribo
aquele lugar onde, na aldeia, a Terra é satélite
porque o espaço, na tribo, é o que há
porque o espaço, na tribo, sempre suporta mais uma bolsa e mais um e mais uma idéia e pássaros
Hora de rever a tribo
Tira o papel com o endereço do bolso da calça, daquela jogada no fundo da gaveta da cômoda velha
Chama papai, mamãe – chama também o cara.
Senão, pegue um papel – papel toalha, papel de agenda sem dia marcado, papel de bula...
E escreve assim: “hora de rever a tribo. bjos”
Coloque na porta da geladeira [não tem melhor lugar nessa civilização].
domingo, 11 de janeiro de 2009
A história da equilibrista aposentada
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
ela era elas
ela virou do avesso
e elas todas vibraram na mesma batida
aLi
quase um reggae...
ela era todas
elas
aLi brincando
sentido as texturas,
ela estava meio embriagada
de todas elas.
que a vida só tem uma
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Dilua-me
concentrado, denso, pesado...
negando o cru,
gotejando uma poesia de todas as horas,
mas a vida não é poética!
Dilua-me!
Há toda essa multidão de palavras fazendo fila aqui,
sobrepondo-se, umas querendo o foco mais que outras...
a boca é minha,
mas eu as amo demais...
Dilua-me!
domingo, 4 de janeiro de 2009
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Ser mal interpretada
Que desejo bom...
Afinal, quem pode nos dizer o que virá de uma leitura dessa?
O acaso bem vindo, o inusitado casam-se bem.
O premeditado foge às esquinas,
ao ângulo reto destas.
Eu prefiro os obtusos, os agudos.
As palavras, as entrelinhas...
se perdem aqui o que os gestos somam!
Ser mal interpretada!
E reler,
E reler,
E reler...
Se eu me confundo, se eu me misturo,
Se acordo e adormeço ao mesmo tempo,
Se eu louca e quadrada,
Se eu amável e cretina,
Se eu sensível e influenciada.
Se eu silêncio e grito.
Ser mal interpretada!
Poderia ser uma piada.
[Fernanda]